segunda-feira, maio 23, 2016



Amo tanto e de tanto amar
Acho que ela é bonita
Tem um olho sempre a boiar
E outro que agita

Tem um olho que não está
Meus olhares evita
E outro olho a me arregalar
Sua pepita

A metade do seu olhar
Está chamando pra luta, aflita
E metade quer madrugar
Na bodeguita

Se os seus olhos eu for cantar
Um seu olho me atura
E outro olho vai desmanchar
Toda a pintura

Ela pode rodopiar
E mudar de figura
A paloma do seu mirar
Virar miúra

É na soma do seu olhar
Que eu vou me conhecer inteiro
Se nasci pra enfrentar o mar
Ou faroleiro

Amo tanto e de tanto amar
Acho que ela acredita
Tem um olho a pestanejar
E outro me fita

Suas pernas vão me enroscar
Num balé esquisito
Seus dois olhos vão se encontrar
No infinito

Amo tanto e de tanto amar
Em Manágua temos um chico
Já pensamos em nos casar
Em Porto Rico
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Chico Buarque

quinta-feira, julho 10, 2014

Meu trabalho de parto, meu não parto e esse tal de puerpério...


Eu nunca tive certeza, antes de resolver engravidar, se eu queria mesmo ser mãe. Mas, eu tinha certeza absoluta que, caso eu resolvesse vir a engravidar, eu gostaria que meu bebê nascesse de parto normal.
Em junho de 2013 resolvemos que era hora de engravidar, que tudo se encaixava, que o amor que havia em nossas vidas era tão bacana que queríamos dividir com mais alguém: com nosso bebê! Retirei o Diu e para nossa surpresa e certo susto, no mês seguinte já estávamos grávidos.
Pesquisei muito, estudei tudo, filmes, cursos, artigos, livros sobre o assunto e estava decidido: vou lutar e me empoderar para um lindo parto natural!
A primeira GO com quem passei, definitivamente não seria aquela que me ajudaria a trazer minha filha ao mundo de forma natural e respeitosa, cesarista assumida, na segunda consulta pré-natal me informou que devíamos marcar a cesária para no máximo 37 semanas, já que minha glicemia indicava uma possível diabetes gestacional. Oi??? Saí da consulta estressada, chorei o resto do dia e prometi a mim mesma nunca mais voltar lá, o que eu faria ao certo eu ainda não sabia, mas, lá eu não colocaria mais os meus pés! E não pus mesmo! Começava ali minha busca por uma equipe de parto humanizada.
Meu primeiro desejo e plano foi pelo parto em casa, e apoiada pelo meu marido começamos a planejar como poderíamos viabilizar o nascimento da nossa filha sem que tivéssemos que ir para um hospital. E é um plano mesmo, porque só o caminhar da gestação é que vai dizer se é possível seguir com o desejo de parir em casa ou não. Conhecemos algumas parteiras, escolhemos a nossa e deixamos o universo fazer a sua parte. Desejar apenas não basta, é preciso planejamento, dedicação e possibilidades, afinal de contas ninguém aqui queria colocar em risco nem a minha vida, tão pouco a da bebe. Dieta rigorosa por causa da glicemia alterada e mais rigorosa ainda quando a pressão começou a subir. O parto em casa já não era mais uma opção. Ok! Seguir com o plano de parto humanizado em ambiente hospitalar é e sempre será uma opção e assim seguimos. Com 37 semanas precisei começar a tomar medicamentos para controlar minha pressão, consultas semanais com o GO e...
Daí que minha pressão foi nas alturas e mesmo com medicamentos não foi mais possível seguir o curso natural da gestação e aguardar entrar em trabalho de parto espontâneo, a proteína na urina começou a subir... Discutimos as opções com nosso obstetra e optamos pela indução do parto. Na segunda feira dia 21 de abril as 7 da manhã, com 40 semanas de gestação, demos entrada no hospital para a indução com o propósito de que já que não poderíamos mais ter um parto natural, que ao menos pudéssemos trazer nossa fofucha de parto normal. Passamos o dia todo aguardando a indução pegar, tranquilos, monitorados, não adianta estressar, uma indução pode mesmo levar até 48 horas e nós sabíamos disso. Estive o tempo todo, desde o primeiro minuto que demos entrada no hospital acompanhada da querida Vivian, doula, obstetriz e amiga que levarei no meu coração por toda a vida. Eu e o Ro somos eternamente gratos. 
As 3:50 da madrugada de terça, já certa de que a terceira indução não tinha pegado, já que se nada acontecesse até as 4:30 faríamos a quarta tentativa, minha bolsa se rompeu me levando imediatamente para contrações fortíssimas que me levaram a 4 de dilatação em apenas 2 horas, chegando a dilatação completa em menos de 6 horas. Daí pra frente muitas coisas aconteceram e o tempo que até então voava pareceu parar e se arrastar como não deveria. Eu precisei de analgesia, e minha admiração e gratidão ao anestesista que a aplicou em mim, trabalho tão bem realizado que ainda assim pude caminhar, usar a bola e a banqueta de parto. Enfim, 4 horas no expulsivo, 4 longas horas onde doula, obstetra, meu marido e eu trabalhamos juntos e o diagnóstico final de distócia... Minha filha não podia mais esperar... Trinta e seis horas dentro do hospital, dilatação completa e o momento tão difícil onde precisei aceitar que da sala de parto natural iria então para o centro obstétrico. Chorei muito, medo, frustração, confusão emocional e exaustão. Enfim minha filha nasceu via cesária intra- parto. Não há tristeza, e nem poderia haver, sem a cesária não estaria aqui com o maior amor que alguém pode sentir, que é o amor de mãe. Não há mágoas e nem ressalvas sobre a conduta de nenhum dos profissionais que estiveram ao meu lado, apenas gratidão. Como eu sempre disse que seria, eu só não poderia encarar bem trocar meu trabalho de parto tão esperado por uma cirurgia se esta fosse feita de forma mentirosa por falsas indicações, mas, sim, existe uma certa frustração, nome que se dá as expectativas frustadas ( e tenho repetido mentalmente: tá tudo bem, tá tudo bem, tá tudo bem...) E sobre expectativas talvez essa seja uma ótima maneira de começar minha vida de mãe, entendendo e aceitando sempre que minha filha é um outro ser humano, não eu mesma, e que posso encaminhar, orientar, ensinar, educar, amar, mas, jamais ter expectativas sobre suas escolhas.

Meus agradecimentos... Primeiro e sempre para meu marido que sempre desde que entrou em minha vida esteve ao meu lado, me apoiando incondicionalmente em todos os momentos, e, durante meu trabalho de parto de parto não foi diferente. À Vivian Squassoni Travassos, doçura, competência, humanidade e muito amor em seu papel lindo de doula e obstetriz. Ao querido Dr. Pedro, que em nenhum momento passou por cima das minhas vontades e do meu plano de parto, ainda que ele discordasse de uma coisa ou outra ele se manteve aberto e pronto para me ouvir e respeitar meus desejos para o momento mais importante da minha vida. Á minha amiga Valéria Cellet, primeira pessoa de quem ouvi sobre a humanização do parto, gratidão e amizade eternas. Á querida Thais Pondaco Gonsales amiga querida com quem pude sempre dividir minhas angústias e decisões. A Thiana Andreotti Ferrarezi por todas as informações e disponibilidade que sempre teve para nos orientar em rodas de casais grávidos e fora delas também.

A minha família maravilhosa que sempre me acolhe e comemora comigo minhas vitórias.


Por último: se eu vier a ter outra gestação os passos serão sempre os mesmo: parto natural, normal e cesária. Não mudou nada minhas convicções sobre o quão importante é respeitar o tempo do nascimento e suas formas naturais de o fazer.

Minha cesária teve todas as complicações possíveis. Com 10 dias tive uma infecção terrível e por muito pouco não precisei ser internada com minha bebe para tratamento com antibióticos na veia. Já se foram 2 meses e meio e ainda sinto dor e inchaço considerável no abdômen. Vou continuar repetindo até o fim dos meus dias: Cesárias podem ser necessárias as vezes, mas, JAMAIS SÃO SEGURAS PARA SEREM UMA ESCOLHA! CESÁRIA ELETIVA NÃO É BACANA!

Ps: O post ficou muito longo e deixei para falar das minhas impressões sobre o puerpério em um outro momento.

Beijo grande
Juliana Galante

quinta-feira, maio 22, 2014

terça-feira, março 18, 2014

E passou mesmo...

Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como "estou contente outra vez". Ou simplesmente "continuo", porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência.
Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais. Fumarás muito, também, e talvez até mesmo te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor. Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente - e não importa - essa coisa que chamarás com cuidado, de "uma ausência". E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração. Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer. E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços.
Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio. E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho. Achando graça, pensarás com inveja na largatixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça.
Tão longe ficou o tempo, esse, e pensarás, no tempo, naquele, e sentirás uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para a casa de teus avós ou teus pais ou tomar um trem para um lugar desconhecido ou telefonar para um número qualquer (e contar, contar, contar) ou escrever uma carta tão desesperada que alguém se compadeça de ti e corra a te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas à tua volta e limpando o suor frio de tua testa.
Já não é tempo de desesperos. Refreias quase seguro as vontades impossíveis. Depois repetes, muitas vezes, como quem masca, ruminas uma frase escrita faz algum tempo. Qualquer coisa assim:
- ... mastiga a ameixa frouxa. Mastiga , mastiga, mastiga: inventa o gosto insípido na boca seca ...
Caio Fernando Abreu


sexta-feira, março 07, 2014

Carta para Malu


Filha, estamos chegando a 34 semanas... 34 semanas completamente transformadoras na minha vida e estou certa de que esse é apenas o começo. Desde que fiquei sabendo que você estava a caminho muita coisa aconteceu. A casa passou por algumas transformações, o escritório virou seu quarto, trocamos de carro, alterações na agenda da mamãe para que quando você chegar possamos aproveitar ao máximo nosso tempo juntas. As férias foram cheias de limites, afinal de contas estamos grudadinhas, mamãe mais pesada e cansada, cuidando ao máximo para que você receba aí dentro tudo que precisa para vir para o lado de cá da melhor forma possível. Juntas lutamos e vencemos a diabetes, papai foi nosso grande parceiro, aliás minha filha, se tem alguém de quem sei que você vai se orgulhar é do seu pai, cada dia mais ansioso para brincar com você.
Temos uma grande equipe de apoio esperando sua chegada, seu avô cada vez que me olha com esse barrigão enche os olhinhos de lágrimas, coisa mais querida. Suas avôs, o que falar das suas avôs? Quer saber minha filha, não vou falar nada, vou deixar você chegar e experimentar toda a doçura que lhe aguarda nos braços das suas avôs. Sua prima Julia diz toda orgulhosa que vai ajudar em tudo para cuidar de você enquanto o Dudu reafirma que vai te ensinar muitas brincadeiras. Todos querem lhe agradar minha boneca, e os presentinhos não param de chegar, mimos que aquecem o coração da mamãe e que tenho certeza que vão aquecer ao seu também. Tia Paty te deu um berço lindo e o Tio Massa já sabe fazer gelatina! rs
Agora falta pouco, em 3 semanas você pode estar por aqui ou não, pode ser que ainda levemos mais tempo para nos olhar nos olhos, você é quem vai escolher o seu momento e essa é apenas mais uma das muitas entregas que farei dentro da nossa relação...
Como você sabe, mamãe não tem experiência com essa coisa de ser mãe, e é certo que cometerei erros, que vou falhar com você, mas, mais certo ainda minha filha é que o amor que já sinto por você é infinitamente maior, e com esse amor tão grande te prometo buscar sempre o melhor caminho para nós duas. Já não sinto mais medo, estou pronta para todas as dificuldade que enfrentaremos juntas, para todo o amor que vamos compartilhar, para nossas noites em claro, para possíveis idas ao hospital de madrugada, para chorar e rir com você e o mais legal:  para ter minha nova grande amiga... Tic tac tic tac tic tac...

domingo, novembro 17, 2013

Retomando o poder inato de ser mulher



Na minha opinião, quando nos aprofundamos em um processo que estamos vivendo, a experiência se torna muito mais rica e produtiva. Eu sempre fui assim e não poderia ser diferente agora na gestação. Na minha cabeça, é completamente incompatível com estar viva, deixar que um momento de transformações tão profundas passe sem que se possa vivenciar intensamente cada mudança. Se nem mesmo nas situações mais corriqueiras eu permito que outros sejam protagonistas da minha vida, agora ainda menos.
Antes mesmo de engravidar eu já vinha me aprofundando nos processos pelos quais uma mulher pode passar ao longo da gestação, parto e maternidade e desde o dia em que meu exame deu positivo isso se tornou assunto diário e constante nos meus dias.
Me surpreende e ainda fico perplexa ao perceber o quanto nós mulheres fomos perdendo da nossa essência e do nosso poder do feminino ao longo dos tempos, parir se tornou algo absurdamente obsoleto e o parir, ato de profunda entrega do feminino vem sendo substituído pela "matrix" da cesariana, vendida como: "rápida, simples, segura e indolor".
Gestar e parir deixou de ser um processo natural para fazer parte da crescente industrialização da sociedade. Mulheres em todo o mundo vem deixando de parir para ter seus bebes rodeadas de intervenções, deitadas com as pernas para cima, com panos que as impedem de acompanhar o nascimento dos seus bebês, sem toque, sem cheiro, sem calor... Estamos sendo colocadas em segundo plano, estamos nos colocando em segundo plano e abandonando a delícia da responsabilidade de um dos nossos maiores poderes: PARIR!!!
Um mar de mitos, intervenções, tecnologia e medicações que dia a dia tentam nos fazer acreditar que somos máquinas defeituosas que não podem mais parir. Criou-se uma rede, onde, nossos olhos vendados, permitem que nossas mentes tomadas de histórias tendenciosas e negativas de parto nos deixe cada dia mais inseguras e a menos que a mulher esteja realmente fortalecida do poder inato que possui, ela realmente acredita que não é capaz, que seu corpo é defeituoso, que seu bebê terá problemas e que ela não vai conseguir.
É preciso sair da "matrix" permitir que a informação nos alcance e deixar que a luz da verdade sobre nosso poder feminino nos invada para que possamos retomar o direito de viver um dos momentos mais transformadores da vida de uma mulher;
O medo nada mais é do que filho do desconhecimento e da ignorância. É preciso informação para dissolver o medo e coragem para enfrentar esse sistema mecanizado que vem nos dizendo que não somos mais capazes!
Cada dia mais ansiosa para viver o meu poder de parir...


terça-feira, setembro 17, 2013

A cultura do outro...


Eu perdi o ritmo de blog, isso é fato e esta sendo muito difícil recuperar o jeito pra coisa. Desde que parei de escrever a dois anos atrás, por diversas vezes já tentei voltar e a coisa não vai, mas, dessa vez, não vou desistir, uma hora a coisa engrena. Até lá sai post quando minha força de vontade for maior que a trava e vocês vão perdoando o jeito perdido e me ajudando a reencontrar a nova blogueira, se é que ela existe...
Tem um assunto que esta na minha cabeça a semanas, a cultura do outro, as diferenças e sobretudo o respeito para com a cultura alheia. 
Me acho mesmo uma privilegiada, porque além de ter podido conhecer muitos lugares incríveis naquela aventura na qual me meti indo trabalhar em navios de cruzeiros, eu pude conviver 24 horas por dia, 7 dias por semana, 10 meses, com dezenas de culturas diferentes juntas e misturadas e isso é e sempre vai ter sido muito especial na minha vida.
Algumas semanas atrás eu vi uma discussão na internet de uma mãe, brasileira, enfurecida porque a recepcionista de um hotel na Flórida veio correndo lhe trazer no saguão do hotel, uma capa protetora para amamentação. Ela estava indignada e mobilizando com ela uma legião de mulheres que gritavam na internet: "O peito é meu e boto pra fora onde eu quiser".
Veja bem, em nenhum momento foi pedido a essa mãe que não amamentasse o seu filho, apenas, de forma muito sutil, na minha opinião, foi sugerida uma forma para que ela amamentasse sem que nenhum constrangimento fosse causado onde não se tem por cultura amamentar na frente de todos. Será mesmo que se faz necessário agredir ao outro para defender um ponto de vista diferente culturalmente? 
Particularmente me indigna ver a pessoa sair do seu país para um outro em férias e não ser capaz de observar e aproveitar o outro e suas diferenças como parte enriquecedora da jornada.
Lembro que sempre que íamos descer em um país diferente procurávamos logo tomar pé de como as coisas aconteciam por lá, exatamente para que a experiência fosse o mais proveitosa e especial possível. Lembro da preocupação que tivemos em não usar decotes e braços de fora no Marrocos por exemplo, pequenas atitudes em respeito e educação para com a cultura alheia. Quando se viaja em férias para um outro país não se absorve apenas monumentos e climas diversos mas se tem sobretudo, a oportunidade de conviver com o maior bem que se pode ter: outros seres humanos e suas culturas. Fica minha indignação e a nota mental de que é assim que quero criar o bebê que em alguns meses vem por ai.

Por fim encontrei no site Viagens e Andanças um ótimo manual do viajante educado:

1) Vai viajar para o exterior? Aprenda pelo menos algumas palavrinhas básicas no idioma local: Obrigado, por favor, me desculpe. Tentar falar alguma coisa no idioma do local, demonstra respeito e faz com que você seja visto com melhores olhos pelas pessoas do lugar. Pense bem, quando você vê um gringo aqui no Brasil tentando “arranhar” uma palavra ou outra no nosso difícil português, você não acha bacana? Pois é…

2) Não leve sua arrogância para viajar com você pois não, você não é o ser mais importante do planeta só porque está de férias.

3) Respeite as diferenças. Rir da cultura alheia é feio, desrespeitoso e digno de puxão de orelha. Além, é claro, de identificá-lo como turista bobo.

4) Criticar as pessoas, mesmo que em outro país, pode te render uma grande dor de cabeça caso alguém por perto entenda seu idioma.

5) Lembre-se sempre que viajar nunca foi e nunca será sinônimo de estar no paraíso total. Pelo contrário. Vez ou outra topamos com inconvenientes, filas, problemas, roubos, vôos atrasados ou cancelados, hotéis ruins. Aprenda a lidar com cada situação de maneira madura.

6) Preserve os locais que visitar e respeite a população local. Cuide do lixo que você produz e jamais vandalize o que quer que seja. Pense no próximo visitante e respeite as regras!

7) Sorria! Não sabe sorrir? Aprenda! O sorriso é um “acessório de viagem” de extrema importância. Ele pode te conquistar amigos, simpatia e iluminar o seu próprio dia.

8) Sabia que muita gente viaja pra descansar? Sabia que muita gente passa mal durante a viagem? Entenda que você pode “zoar todas” o quanto quiser, desde que não passe por cima do sossego nem do direito dos outros.

O turista gafanhoto quer aparecer a qualquer custo. Você não precisa disso!

9) O fato de você estar chegando ou saindo de um hotel não significa que todos os outros hóspedes estão também chegando ou saindo. Por isso, contenha-se. Fale baixo, não bata portas e conscientize-se de que há pessoas nos outros quartos. Não, o hotel não é só seu!

10) Chegou em um local e tem fila? Entre na fila e respeite sua vez. Todo mundo ali está na mesma situação que você.

11) Antes de viajar, estude a cultura dos locais que você vai visitar. Leia relatos com experiências de quem já foi para saber sobre situações embaraçosas que você pode evitar. Muitas vezes a gente faz coisas erradas sem saber, por pura ignorância mesmo. A sua cidade não é modelo para o mundo todo. Pense nisso!

12) Se vai alugar um carro, pesquise sobre as leis de trânsito do local, especialmente no exterior, para não sair igual louco fazendo besteiras no trânsito.

13) Não, estragar as férias alheias não é engraçado, nem “da hora” e nem “irado”. O cara que você está atrapalhando, provavelmente trabalhou duro e guardou uma grana durante um tempão pra viajar. Jura que você quer tirar sarro com a cara dele atrapalhando a viagem do cara? Jura? Acho que não, né?

14) Evite comentários grosseiros sobre a cidade ou o país que está visitando. Se quer fazer uma crítica a um serviço, a um local ou a uma pessoa, faça-a respeitosa e construtivamente. Os moradores da região nunca ficam felizes em ouvir críticas burras e mal educadas.

15) Use seu tom de voz normal. Controle sua mania de querer aparecer.

16) Está participando de um passeio com outras pessoas num transporte fretado? Esteja no local combinado na hora que o guia estipular. Ficar esperando os atrasadinhos inveterados é um saco. Claro que há excessões, mas no geral as pessoas se atrasam por pura falta de responsabilidade. Pensam: “ah, eles esperam!” Como se o tempo dos outros fosse menos importante que o deles.

17) Fazer amizades durante as viagens é muito saudável e acontece sempre. Mas ninguém quer fazer amizade com um “mala”. Observe se as pessoas fogem de você. Se notar que sim, provavelmente você é um chato ou um mal educado de carteirinha. Hehe… aí todo mundo foge mesmo. :)

18) Frequente uma terapia e trate seriamente sua síndrome de sol. Não sabe o que é isso? Explico: é aquela mania que algumas pessoas têm de achar que todos e tudo deve girar em torno do seu desejo. Se esse é o seu caso, tire o olho do seu umbigo e perceba que existe vida à sua volta.

19) O fato de você estar em um local gastando seu rico dinheirinho lá não lhe dá o direito de humilhar ninguém. Seu dinheiro compra serviços, objetos, alimentação, mas não te compra o direito de pisar nas pessoas. Baixe o nariz, desça do salto e perceba que você é só mais um em meio a uma multidão de pessoas espalhadas pelo mundo.

20) Todo lugar tem seus problemas. Critique menos. Divirta-se mais!


Beijo enorme em todas que ainda me acompanham
Juliana Galante



sexta-feira, agosto 30, 2013

Porque pensar é bom e todo mundo pode né?

Que eu sou militante do parto normal humanizado todo mundo já sabe, mas hoje vou fazer diferente, ao invés de dar razões para optar pelo parto normal, eu vou dar razões para não agendar um cesária. Na verdade, quem escreveu as razões não fui eu, foi a Clarissa, do blog: "A mãe que quero ser". Dá uma olhada e me diz se não faz todo sentido...



Sete razões para não marcar o seu parto


Compreendo a opção pela cesárea; entendo de onde vem o receio de parir um bebê, sei da falta de informação e de apoio (do médico, da família, da sociedade) ao parto normal e me conformei com a visão vigente de que a via cirúrgica é uma alternativa aceitável. O que não entendo e não vou aceitar nunca é a banalização das cirurgias agendadas sem indicação, às vezes com 36 semanas, como no caso de uma amiga virtual de Facebook, que revelou seu desespero ao saber que sua cunhada, por sugestão do obstetra, havia agendado sua cesária para antes das 37 semanas. Essa criança provavelmente nascerá prematura, precisará passar tempo na UTI neonatal, terá dificuldades iniciando a amamentação, receberá complemento… Enfim, sua vida não terá um começo fácil. O mais triste é que tudo poderia ter sido evitado se seus pais tivessem esperado sua hora de nascer.

Abaixo, ofereço sete motivos para você esperar os primeiros sinais de que o seu bebê esteja pronto para vir ao mundo ao invés de cair no conto do vigário (ou seja, do “lobo cesarista”) e marcar uma cesárea “de emergência” para daqui a uma semana (isso não é emergência – é conveniência, tá?).

1. Saúde

A saúde sempre vem em primeiro lugar, não é mesmo? Toda mãe deseja, antes de mais nada, que o filho seja saudável. Todo obstetra se orgulha em dizer que preza pela saúde do bebê (muitos até usam isso como desculpa para desencorajar o parto normal, o que é uma ignorância e uma covardia sem tamanho, mas isso é outra história). A literatura médica é categórica: cesáreas eletivas feitas antes de completar 39 ou 40 semanas aumentam significativamente (entre 300 e 500%) o risco de problemas de saúde no bebê, especialmente respiratórios (que podem persistir durante toda a infância), mas também de icterícia (que dá ao recém-nascido um aspecto amarelado e está relacionado ao acúmulo de bilirrubina no sangue) e dificuldades para amamentar. Para todo bebê que nasceu “sem sequelas” numa cesárea de 37 semanas (que não é considerado prematuro, mas que poderia ter ido até 40, 41 ou 42 semanas – ou seja, é sim pré-termo), há vários que precisaram ficar “em observação” por dificuldades respiratórias ou foram receitados complemento no berçário ou receberam fototerapia por icterícia, e achamos isso “normal” porque, infelizmente, a prematuridade tardia (entre 34 e 36 semanas +6 dias) e o a termo precoce (entre 37 e 39 semanas) se tornaram comuns na nossa sociedade. Porém as evidências demonstram algo inconveniente: os males de saúde aumentaram depois que nós começamos a adiantar o nascimento dos nossos filhos. O que me leva, necessariamente, ao próximo ponto.

2. Ética

Clamamos por um mundo com muito mais ética. Demandamos isso dos políticos e dos empresários, mas, por alguma razão, simplesmente acreditamos piamente na ética do nosso médico. De certo modo, faz sentido. Afinal, o médico é alguém que escolheu preservar e proteger a vida e, teoricamente, por uma causa nobre. Fez o milenar juramento hipocrático, onde promete “não causar dano ou mal a alguém”. A verdade, pelo menos na obstetrícia, não é bem assim. A prematuridade iatrogênica (causada pelo procedimento médico em si – ou seja, por partos agendados) está aumentando assustadoramente. É por causa dela que os índices de prematuridade são muito maiores nas regiões sul e sudeste (curiosamente, aonde tem mais cesáreas). Infelizmente, a lei do mercado se sobrepôs ao juramento de não fazer mal, e muitos médicos (não todos, mas muitos) – para maximizarem seus rendimentos e não precisarem acordar de madrugada nem deixar de viajar no feriado – agendam partos na 37a semana, mesmo conhecendo as estatísticas acima. Há uma falta de punição para esse tipo de comportamento e, portanto, cada vez mais profissionais agem desta maneira condenável. Se você acredita na ética e no que é correto, você pode ajudar o seu médico a não desrespeitar o juramento que fez e não concordar em marcar uma cesárea antes da data. E lembre-se: mesmo que 37 semanas não seja considerado prematuro, a não ser que você tenha feito tratamento para engravidar e saiba exatamente o dia em que ovulou e/ou engravidou, a idade gestacional do seu filho é meramente uma estimativa. Uma gestação a termo é 40-42 semanas (somente depois de 42 semanas é que o bebê é considerado pós-termo).

3. Respeito

Como relatei no post O nascimento, do ponto de vista do sujeito, o bebê não é um mero produto do parto, mas um agente ativo. É ele quem envia os sinais para o cérebro da mãe, assim desencadeando trabalho de parto. O anúncio (ao lado) da ONG americana March of Dimes, instituição empenhada em melhorar a saúde materna e infantil, mostra claramente que algumas semanas fazem uma diferença enorme no desenvolvimento do cérebro fetal. Portanto, fica claro que agendar o parto é desrespeitar a fisiologia do bebê. Sem contar que, muitas vezes, na hora da cirurgia o bebê está dormindo, totalmente despreparado para “ser nascido”, e, assim, o nascimento se torna um choque e, ao meu ver, uma agressão. Você quer que o primeiro contato do seu filho amado com o mundo fora de você seja assim, um susto e possivelmente um trauma? Não é melhor respeitar o tempo dele e deixar que os abraços (contrações) do seu útero o preparem para nascer, mesmo que seja via abdominal?

4. Amor

Você já ouviu falar na ocitocina? Também conhecido como “o hormônio do amor”, a ocitocina é uma das substâncias responsáveis pela sensação de conexão, confiança e empatia. O orgasmo depende da liberação desse hormônio e a amamentação também, mas a maior concentração sanguínea do hormônio do amor na vida de uma mulher ocorre durante o trabalho de parto. Não é incrível? Estima-se que essa é a razão pela qual mulheres que parem naturalmente alegam sentir uma ligação profunda e imediata com o filho (um amor instantâneo) enquanto muitas mulheres que não tiveram esse privilégio admitem que a amor visceral pelo filho foi construído. Calma – não estou dizendo que quem tem parto normal ama mais o filho, por favor! O amor é muito mais do que simplesmente hormônios – é social, espiritual e um esforço diário – mas passar pelo trabalho de parto e sentir pelo menos uma fração dessas substâncias prazerosas e incríveis circulando pelo corpo deve ser o máximo. E pode tornar o conturbado período pós-parto um pouco mais ameno.

5. Paciência

A paciência é uma virtude que está se perdendo. Hoje em dia tudo é urgente, é “pra agora”, e a pressa é quase universal. Até quando estamos entre compromissos, no trânsito ou no metrô, sentimos uma pressão por estar “produzindo” – checando emails no smartphone, lendo jornal, resolvendo um problema no telefone… (In)Felizmente, um bebê chega para mudar tudo isso. Crianças requerem paciência. Elas têm o próprio ritmo e tempo, e testam nossa paciência constantemente, seja com suas constantes necessidades (mamadas, fraldas, choros) ou no processo natural de aprendizado (já reparou como precisam repetir tudo infinitas vezes?). Portanto, ter a paciência para esperar a hora de seu filho nascer, conforme manda a natureza e a fisiologia, pode ser uma boa forma de se acostumar com sua nova realidade como mãe – uma realidade onde a paciência será imprescindível para a sua felicidade e sanidade.

6. Espírito de aventura

Eu adoro ouvir a história de como nasci. Minha mãe acordou de madrugada toda molhada, sentindo somente “umas cólicas” e achando que tivesse feito xixi na cama. Precisou ser convencida pela sogra de que estava em trabalho de parto e que a bolsa havia rompido. Chegou no hosptial com 8 cm de dilatação e pariu algumas horas depois. Deve ter sido uma aventura e tanto! Pessoalmente, acho triste que a grande maioria das crianças sendo nascidas hoje teve essa primeira aventura “roubada” – e suas mães também! As mães não vão deixar uma plateia inteira na expectativa, com cara de “quero mais”, ao contarem como sentiram as primeiras contrações, a dúvida de estarem ou não em trabalho de parto, a saída do tampão, o frio na barriga ao perceberem que chegou a hora, os telefonemas de madrugada, o taxista/marido nervoso… Elementos de uma verdadeira história de ação! Quando a geração de hoje perguntar como foi seu nascimento, vai ouvir que o parto foi marcado para o dia tal na hora tal e que ponto final. Pode me chamar de romântica, mas eu encaro a vida como uma grande aventura e da mesma forma que não escolhemos o dia da nossa morte, acho que ao escolherem para nós o dia do nascimento, roubamos um pouco da magia de viver. Deixe o seu filho embarcar nessa vida com o espírito de aventura que ele precisará para aproveitar ao máximo sua temporada aqui na terra.

7. Paz

Tem gente que diz que quando nasce um mãe, nasce junto a mãe culpada, sempre se perguntando se está fazendo o certo, cheia de ansiedades sobre a saúde e bem estar do filhote, com mil e uma perguntas para fazer ao pediatra, à sua mãe, às amigas (íntimas e virtuais)… Tudo isso é normal. A insegurança, as dúvidas e os questionamentos fazem parte do processo. Mas o nível pode ser tolerável ou patológico. Quando você adentra a maternidade impondo conveniências alheias ao processo, negando a seu filho o direito de determinar a hora certa para ele, você já começa “brincando com fogo”, mexendo num processo natural e aumentando o risco de ter problemas mais na frente. Você quer acrescentar mais essa culpa? Não é simplesmente mais fácil respeitar a infinita sabedora desse processo milenar e aguardar, paciente e respeitosamente, o dia e a hora que o destino lhe reservou para dar a luz?

Como você pode ver, numa gravidez normal, de um bebê saudável, o melhor mesmo é esperar a hora “P” chegar. Seu médico pode alegar várias coisas – placenta grau 3, feto macrossómico (grande), cordão enrolado, pressão alta (sem pré-eclampsia), cesárea prévia: nada disso é indicação de cesárea, muito menos de cesárea agendada. Exceto em casos de pré-eclampsia, placenta prévia, placenta abrupta e outras (poucas) ocorrências emergenciais, qualquer cesárea pode ser feita durante o trabalho de parto, com melhores resultados para a saúde do bebê. Enfim, esperar o trabalho de parto é muito mais do que “simplesemente” mais seguro. É sinônimo das virtudes acima: saúde, ética, respeito, amor, paciência, espírito de aventura e paz.


Pra mim faz muito sentido e para vocês?



Beijo enorme no coração

sexta-feira, agosto 02, 2013

Nem tudo é pessoal!


Eu sou psicanalista, de formação e de atuação e cada dia meu é dedicado sobretudo a isso: ao ser humano, suas dores e questionamentos. É muito comum eu ser questionada em consultório sobre o certo e o errado, mas, será mesmo que existe o certo ou o errado? 
O surgimento da psicanálise se deu ainda na década de 1890, quando em conversas com pacientes, Freud passa a acreditar que os problemas na verdade se originam da não aceitação de acontecimentos na própria vida do indivíduo, que passa a reprimir seus reais desejos no inconsciente, gerando assim uma fantasia. A psicanálise investiga sonhos, esperanças, desejos, fantasias, e também as vivencias dos primeiros anos de vida em família. A principal função do analista é tornar consciente os conteúdos reprimidos que precisam ser trabalhados pelo indivíduo, COMPLETAMENTE ISENTO DE JULGAMENTO!
Mas porque escrever sobre isso?
Quem leu meu post anterior, percebeu que o texto em questão, diga-se de passagem muito bem escrito e coerente, não é meu. Eu o encontrei em alguns fóruns de discussão no facebook sobre gravidez, parto e maternidade. Meu interesse pelo assunto vem crescendo, tanto de forma pessoal, estou tentando engravidar, como profissionalmente. As questões em torno da maternidade são muitas e nunca antes encontrei tanto julgamento como o que tenho visto entre mães de uma forma geral.
Existe uma brincadeira boba entre psicanalistas que diz que só se tem trabalho porque existem as mães, mas, me pergunto: Porque tanto julgamento? Porque tudo é tomado de forma tão pessoal? Quem foi que disse que a mulher quando se torna mãe tem a obrigação de fazer qualquer coisa de forma pré estabelecida pelo outro?
Precisa parir de parto normal, fazer toda a comida em casa com ingredientes orgânicos, desfraldar em tal idade, não dê chupeta, aleitamento materno exclusivo e por ai vai...
Não estou negando a eficiência de nada do que coloquei acima mas, questiono e sempre vou questionar a viabilidade de cada coisa dentro da vida de cada indivíduo.
Algumas semanas atrás uma pessoa me procurou, grávida, com uma legião de "boas mães", julgando-a porque ela marcou a cesária para o nascimento do seu filho. Conversa vai, conversa vem e a verdade dela, só dela desaba sobre o próprio colo. Desde que essa moça engravidou, um único pensamento ronda sua cabeça, não é o enxoval, a educação, o dinheiro, o trabalho: COMO ESSE BEBE VAI SAIR?
Essa moça foi violentada quando criança e a questão nunca foi trabalhada antes. Será mesmo que agora é a melhor hora pra isso? Será mesmo que todas as ativistas do parto normal não iram perdoa-lá por agendar a cesária para o nascimento do seu filho? Oi?
É preciso manter a cabeça aberta, livre de julgamento e um pouco mais de amor! Amor para deixar de lado todos os conceitos bobos que construímos sobre as coisas e nos permitir olhar para o outro com um pouco mais de respeito e compreensão.
Auto identificação? Não! Porque eu tive a oportunidade de trabalhar até a exaustão o que passei e estou me preparando mesmo para ressignificar tudo aquilo de parto normal humanizado ou na cesária se este não for possível.

Mais amor por favor.

Abraços
Juliana Galante











quarta-feira, julho 31, 2013

Ninguém aqui falou de "menos mãe"! Me deixa!






Eu fiz cesárea, mas não sou menos mãe!
Por Ana Cristina Duarte 


Você mulher, mãe, que teve uma cesariana (necessária ou não) quando teve seu(s) bebê(s), antes de mais nada queria lembrar que nós sabemos que você é uma mãe maravilhosa, competente, amorosa e tão boa quanto qualquer outra mãe boa. A via de parto não nos faz mais ou menos mães, mais ou menos mulheres, mais ou menos seres humanos. Eu tive uma cesariana há 15 anos, um parto normal há 12 anos, e me considero uma mãe boa o suficiente para ambos. E não amo um mais que outro.

Mas minha amiga, quando você ler uma mulher dizendo “O parto normal me fez mais mulher” ela não está dizendo que a tua cesárea te faz “menos mulher”. Ela quer dizer que o parto fez ela se sentir mais mulher do que ela se sentia antes, ou de que ela se sentia se ela tivesse feito uma cesariana. Ela não está criticando você ou as suas escolhas. Ela está comemorando suas próprias conquistas, só isso!Quando ela diz “quando eu dei à luz, eu me senti muito mulher, muito feminina, muito poderosa” ela não está dizendo que a gente, por ter feito cesariana, é menos mulher, menos feminina, menos poderosa. Ela está falando só dela, não da gente, entendeu?

Concordo que se ela entrar em qualquer terreno seu, e se dirigir a você como uma pessoa inferior, daí não tem jeito mesmo, a pessoa está sendo estúpida. Mas em geral não é isso que a gente vê. Eu não costumo ver mulheres “cesareadas” como nós, sendo acusadas de sermos mães de pior qualidade. A cesariana no Brasil já é uma realidade, eu e você fazemos parte da maioria esmagadora! Ela, a sua amiga que quis e/ou teve um parto bacana, ela é pequena minoria e apenas está feliz por ter conseguido atingir seu sonho.

Todos esses movimentos que a mulherada está fazendo pelo direito ao parto natural, direito ao parto em casa, não dizem respeito a você e às suas escolhas. Elas dizem respeito a elas! Em nenhum cartaz ou fala você verá escrito “Proíbam as cesarianas, proíbam as escolhas pelas cesarianas, proíbam as mulheres de optarem pelas cesarianas, não queremos mais cesáreas que salvem vidas“. Essas mulheres querem que todas as mulheres tenham a chance de experimentar o que elas viveram, caso elas assim o desejem. Nunca ninguém desejou que o parto normal, ou natural, ou domiciliar, venha a ser algo obrigatório.

Por outro lado, uma coisa é certa: quando essas mulheres “xiitas” veem um relato de cesariana onde a mãe disse que fez a cirurgia salvadora porque tinha pouco líquido, ou cordão no pescoço, ou pé na costela, elas comentam mesmo, elas falam que isso não é indicação de cesariana. Você também chiaria se alguém fosse fazer uma cirurgia de varizes preventiva porque um dia vai que aparece uma variz, então é melhor operar. Cirurgias desnecessárias são uma questão importante em termos de saúde pública.

Só que, amiga, entenda, ela não está dizendo que você é uma mãe inferior! Ela está dizendo que seu médico fez uma cirurgia que não era necessária, só isso. Em nenhum momento ela está te julgando incompetente por ter aceitado a cirurgia proposta pelo seu médico, ainda mais com essa ameaça de que o bebê vai morrer ou sofrer. Em outras palavras, ela apenas está dizendo que sua cesariana não teria sido feita em nenhum país onde a saúde é levada a sério. Só no Brasil se opera com essas desculpas, e daí chegamos nos 94% do Hospital Santa Joana, por exemplo. A questão é de população, não de você.

Via de parto é apenas isso: via de parto. Não diz nada de qualidade de maternagem. Suas amigas “xiitas do parto natural” sabem que você é uma boa mãe. Também sabem que o parto normal não garante uma boa mãe (e vice versa). Não se ofenda quando você ler um post no perfil da sua amiga dizendo: “Eu quero ter direito à escolha“. Ela está falando apenas dela, e não de você.

Quando você se sentir enraivecida com essas notícias, posts, relatos e matérias sobre parto normal, natural etc., olhe para dentro de você e tente entender porque é que você ficou tão brava, tão chateada, tão mexida. Eu já fiz esse exercício diversas vezes e descobri coisas incríveis. Não perca essa oportunidade.

Palavra de Parteira!

* Ana Cristina Duarte é obstetriz, ativista do movimento de Humanização do Parto e mãe de Julia e Henrique.

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