sexta-feira, agosto 02, 2013

Nem tudo é pessoal!


Eu sou psicanalista, de formação e de atuação e cada dia meu é dedicado sobretudo a isso: ao ser humano, suas dores e questionamentos. É muito comum eu ser questionada em consultório sobre o certo e o errado, mas, será mesmo que existe o certo ou o errado? 
O surgimento da psicanálise se deu ainda na década de 1890, quando em conversas com pacientes, Freud passa a acreditar que os problemas na verdade se originam da não aceitação de acontecimentos na própria vida do indivíduo, que passa a reprimir seus reais desejos no inconsciente, gerando assim uma fantasia. A psicanálise investiga sonhos, esperanças, desejos, fantasias, e também as vivencias dos primeiros anos de vida em família. A principal função do analista é tornar consciente os conteúdos reprimidos que precisam ser trabalhados pelo indivíduo, COMPLETAMENTE ISENTO DE JULGAMENTO!
Mas porque escrever sobre isso?
Quem leu meu post anterior, percebeu que o texto em questão, diga-se de passagem muito bem escrito e coerente, não é meu. Eu o encontrei em alguns fóruns de discussão no facebook sobre gravidez, parto e maternidade. Meu interesse pelo assunto vem crescendo, tanto de forma pessoal, estou tentando engravidar, como profissionalmente. As questões em torno da maternidade são muitas e nunca antes encontrei tanto julgamento como o que tenho visto entre mães de uma forma geral.
Existe uma brincadeira boba entre psicanalistas que diz que só se tem trabalho porque existem as mães, mas, me pergunto: Porque tanto julgamento? Porque tudo é tomado de forma tão pessoal? Quem foi que disse que a mulher quando se torna mãe tem a obrigação de fazer qualquer coisa de forma pré estabelecida pelo outro?
Precisa parir de parto normal, fazer toda a comida em casa com ingredientes orgânicos, desfraldar em tal idade, não dê chupeta, aleitamento materno exclusivo e por ai vai...
Não estou negando a eficiência de nada do que coloquei acima mas, questiono e sempre vou questionar a viabilidade de cada coisa dentro da vida de cada indivíduo.
Algumas semanas atrás uma pessoa me procurou, grávida, com uma legião de "boas mães", julgando-a porque ela marcou a cesária para o nascimento do seu filho. Conversa vai, conversa vem e a verdade dela, só dela desaba sobre o próprio colo. Desde que essa moça engravidou, um único pensamento ronda sua cabeça, não é o enxoval, a educação, o dinheiro, o trabalho: COMO ESSE BEBE VAI SAIR?
Essa moça foi violentada quando criança e a questão nunca foi trabalhada antes. Será mesmo que agora é a melhor hora pra isso? Será mesmo que todas as ativistas do parto normal não iram perdoa-lá por agendar a cesária para o nascimento do seu filho? Oi?
É preciso manter a cabeça aberta, livre de julgamento e um pouco mais de amor! Amor para deixar de lado todos os conceitos bobos que construímos sobre as coisas e nos permitir olhar para o outro com um pouco mais de respeito e compreensão.
Auto identificação? Não! Porque eu tive a oportunidade de trabalhar até a exaustão o que passei e estou me preparando mesmo para ressignificar tudo aquilo de parto normal humanizado ou na cesária se este não for possível.

Mais amor por favor.

Abraços
Juliana Galante











7 comentários:

  1. Essa de analisar as pessoas em conjunto não funciona. Cada um tem seu próprio inferno, duvidas que são só dela, não pra generalizar mesmo.

    Beijocas

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  2. Ju, acho essa coisa de se colocar tudo no mesmo balaio, um saco!
    Faça isso ou faça aquilo com seu bebê é literalmente gente metendo bedelho onde não foi chamado. O bebê é meu e eu faço o que achar melhor para ele.
    Quando fiquei grávida da minha primeira filha tinha dúvidas como todo mundo, minha avó me deu o seguinte conselho: "Ser mãe é algo natural e animal, você conhece algum animal que mata seu filhote ao cuidar dele, não! Então use sua intuição e não ouça pitaco de ninguém. Assim fiz e não me arrependi, posso não ter sido a melhor mãe do mundo, mas fiz o meu melhor.
    bjs
    Jussara

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  3. Oi Ju,
    Nao sabia que vc é psicanalista. Sou filha de psiquiatra e fiz trocentos anos de análise. Estou fora de terapia no momento pq não encontrei a terapeuta dos meus sonhos (encontrei, mas ela mudou de cidade).
    Adoro terapia e acho que ajuda muito!
    Aproveite a semana!
    Bjs

    GOSTO DISTO!

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  4. Costumam dizer que mãe já se sente culpada desde o momento que sabe que está grávida, imagina agora com essa sociedade perfeitinha que estamos vivendo, como você mesma citou... a oposição do parto normal (inclusive por feministas que agora chama a cesária por um nome que eu esqueci, mas que significa que ela seria uma espécie de violência provocada pelo obstetra); proporcionar alimentação saudável; educação personalizada (nada de babás)...

    Coitadas das mulheres normais imperfeitas que vão ser mães... coitadas. rs

    BeijoZzz

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  5. Adorei isso: "Existe uma brincadeira boba entre psicanalistas que diz que só se tem trabalho porque existem as mães." hhahahahahaha! Pois é!

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  6. Oi Ju,
    Adoro seus posts e estou esperando mais...
    Aproveite a semana!
    Bjs

    GOSTO DISTO!

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  7. Eu odeio o nazismo do politicamente correto, ou do pré determinado, pre estabelecido e pre decidido sabe -se la por quem.

    E não se esqueça que vc TEM que comer brocoli pelo menos uma vez por semana.

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GRITA COMIGO!!!

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