quinta-feira, julho 10, 2014

Meu trabalho de parto, meu não parto e esse tal de puerpério...


Eu nunca tive certeza, antes de resolver engravidar, se eu queria mesmo ser mãe. Mas, eu tinha certeza absoluta que, caso eu resolvesse vir a engravidar, eu gostaria que meu bebê nascesse de parto normal.
Em junho de 2013 resolvemos que era hora de engravidar, que tudo se encaixava, que o amor que havia em nossas vidas era tão bacana que queríamos dividir com mais alguém: com nosso bebê! Retirei o Diu e para nossa surpresa e certo susto, no mês seguinte já estávamos grávidos.
Pesquisei muito, estudei tudo, filmes, cursos, artigos, livros sobre o assunto e estava decidido: vou lutar e me empoderar para um lindo parto natural!
A primeira GO com quem passei, definitivamente não seria aquela que me ajudaria a trazer minha filha ao mundo de forma natural e respeitosa, cesarista assumida, na segunda consulta pré-natal me informou que devíamos marcar a cesária para no máximo 37 semanas, já que minha glicemia indicava uma possível diabetes gestacional. Oi??? Saí da consulta estressada, chorei o resto do dia e prometi a mim mesma nunca mais voltar lá, o que eu faria ao certo eu ainda não sabia, mas, lá eu não colocaria mais os meus pés! E não pus mesmo! Começava ali minha busca por uma equipe de parto humanizada.
Meu primeiro desejo e plano foi pelo parto em casa, e apoiada pelo meu marido começamos a planejar como poderíamos viabilizar o nascimento da nossa filha sem que tivéssemos que ir para um hospital. E é um plano mesmo, porque só o caminhar da gestação é que vai dizer se é possível seguir com o desejo de parir em casa ou não. Conhecemos algumas parteiras, escolhemos a nossa e deixamos o universo fazer a sua parte. Desejar apenas não basta, é preciso planejamento, dedicação e possibilidades, afinal de contas ninguém aqui queria colocar em risco nem a minha vida, tão pouco a da bebe. Dieta rigorosa por causa da glicemia alterada e mais rigorosa ainda quando a pressão começou a subir. O parto em casa já não era mais uma opção. Ok! Seguir com o plano de parto humanizado em ambiente hospitalar é e sempre será uma opção e assim seguimos. Com 37 semanas precisei começar a tomar medicamentos para controlar minha pressão, consultas semanais com o GO e...
Daí que minha pressão foi nas alturas e mesmo com medicamentos não foi mais possível seguir o curso natural da gestação e aguardar entrar em trabalho de parto espontâneo, a proteína na urina começou a subir... Discutimos as opções com nosso obstetra e optamos pela indução do parto. Na segunda feira dia 21 de abril as 7 da manhã, com 40 semanas de gestação, demos entrada no hospital para a indução com o propósito de que já que não poderíamos mais ter um parto natural, que ao menos pudéssemos trazer nossa fofucha de parto normal. Passamos o dia todo aguardando a indução pegar, tranquilos, monitorados, não adianta estressar, uma indução pode mesmo levar até 48 horas e nós sabíamos disso. Estive o tempo todo, desde o primeiro minuto que demos entrada no hospital acompanhada da querida Vivian, doula, obstetriz e amiga que levarei no meu coração por toda a vida. Eu e o Ro somos eternamente gratos. 
As 3:50 da madrugada de terça, já certa de que a terceira indução não tinha pegado, já que se nada acontecesse até as 4:30 faríamos a quarta tentativa, minha bolsa se rompeu me levando imediatamente para contrações fortíssimas que me levaram a 4 de dilatação em apenas 2 horas, chegando a dilatação completa em menos de 6 horas. Daí pra frente muitas coisas aconteceram e o tempo que até então voava pareceu parar e se arrastar como não deveria. Eu precisei de analgesia, e minha admiração e gratidão ao anestesista que a aplicou em mim, trabalho tão bem realizado que ainda assim pude caminhar, usar a bola e a banqueta de parto. Enfim, 4 horas no expulsivo, 4 longas horas onde doula, obstetra, meu marido e eu trabalhamos juntos e o diagnóstico final de distócia... Minha filha não podia mais esperar... Trinta e seis horas dentro do hospital, dilatação completa e o momento tão difícil onde precisei aceitar que da sala de parto natural iria então para o centro obstétrico. Chorei muito, medo, frustração, confusão emocional e exaustão. Enfim minha filha nasceu via cesária intra- parto. Não há tristeza, e nem poderia haver, sem a cesária não estaria aqui com o maior amor que alguém pode sentir, que é o amor de mãe. Não há mágoas e nem ressalvas sobre a conduta de nenhum dos profissionais que estiveram ao meu lado, apenas gratidão. Como eu sempre disse que seria, eu só não poderia encarar bem trocar meu trabalho de parto tão esperado por uma cirurgia se esta fosse feita de forma mentirosa por falsas indicações, mas, sim, existe uma certa frustração, nome que se dá as expectativas frustadas ( e tenho repetido mentalmente: tá tudo bem, tá tudo bem, tá tudo bem...) E sobre expectativas talvez essa seja uma ótima maneira de começar minha vida de mãe, entendendo e aceitando sempre que minha filha é um outro ser humano, não eu mesma, e que posso encaminhar, orientar, ensinar, educar, amar, mas, jamais ter expectativas sobre suas escolhas.

Meus agradecimentos... Primeiro e sempre para meu marido que sempre desde que entrou em minha vida esteve ao meu lado, me apoiando incondicionalmente em todos os momentos, e, durante meu trabalho de parto de parto não foi diferente. À Vivian Squassoni Travassos, doçura, competência, humanidade e muito amor em seu papel lindo de doula e obstetriz. Ao querido Dr. Pedro, que em nenhum momento passou por cima das minhas vontades e do meu plano de parto, ainda que ele discordasse de uma coisa ou outra ele se manteve aberto e pronto para me ouvir e respeitar meus desejos para o momento mais importante da minha vida. Á minha amiga Valéria Cellet, primeira pessoa de quem ouvi sobre a humanização do parto, gratidão e amizade eternas. Á querida Thais Pondaco Gonsales amiga querida com quem pude sempre dividir minhas angústias e decisões. A Thiana Andreotti Ferrarezi por todas as informações e disponibilidade que sempre teve para nos orientar em rodas de casais grávidos e fora delas também.

A minha família maravilhosa que sempre me acolhe e comemora comigo minhas vitórias.


Por último: se eu vier a ter outra gestação os passos serão sempre os mesmo: parto natural, normal e cesária. Não mudou nada minhas convicções sobre o quão importante é respeitar o tempo do nascimento e suas formas naturais de o fazer.

Minha cesária teve todas as complicações possíveis. Com 10 dias tive uma infecção terrível e por muito pouco não precisei ser internada com minha bebe para tratamento com antibióticos na veia. Já se foram 2 meses e meio e ainda sinto dor e inchaço considerável no abdômen. Vou continuar repetindo até o fim dos meus dias: Cesárias podem ser necessárias as vezes, mas, JAMAIS SÃO SEGURAS PARA SEREM UMA ESCOLHA! CESÁRIA ELETIVA NÃO É BACANA!

Ps: O post ficou muito longo e deixei para falar das minhas impressões sobre o puerpério em um outro momento.

Beijo grande
Juliana Galante

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